Empresas do interior de São Paulo e do Sul de Minas Gerais com oportunidades de emprego abertas estão enfrentado dificuldades para encontrar profissionais nas cidades onde estão. A solução acaba sendo importar de outros municípios e até estados, de acordo com um estudo feito com 700 executivos pela consultoria especialista em recrutamento executivo Michael Page, em Campinas (SP). E há, também, outras características preocupantes nos profissionais que estão no mercado.
A pesquisa foi realizada com empresas de 18 setores da economia, situadas em 62 cidades, e apresenta como elas estão lidando com a atração e a retenção de profissionais. Para 53% dos participantes da pesquisa, realizada entre setembro e outubro deste ano, não é nada fácil encontrar e atrair candidatos na mesma localidade das empresas, principalmente nas áreas de engenharia, comercial, finanças, logística e tecnologia da informação (TI).
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"Pelas respostas percebemos que o momento é de muita pressão sobre os profissionais" alega Lucas Toledo, gerente executivo da Michael Page. Segundo ele, a oferta de trabalhadores para a demanda de algumas áreas é baixa na região, e não há outro jeito senão buscar alguns colaboradores fora. Um exemplo é o setor de marketing digital.
“Todas as empresas têm que ter marketing digital, mas a oferta é menor na região para atender a demanda. Precisam ser importados da capital ou de outras cidades, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, afirma.
Além disso, o “momento” do profissional nem sempre se encaixa numa proposta para trabalhar no interior, pois podem ter se formado na capital e preferem o mercado de lá, ou mesmo buscam fazer carreira na capital, mesmo tendo se qualificado no interior. Os executivos alertam que muitos se negam a mudar para essas cidades por conta da família, inclusive, e também destacaram a faixa salarial, que é menor.
No entanto, o interior também pode ser atrativo, por ter mais qualidade de vida, custo baixo, boas escolas e universidades. Além de ter menos trânsito e crescimento do PIB regional acima da média nacional.
Características pesam na contratação
Além da escassez, na opinião dos executivos consultados, 42,53% dos profissionais do mercado não têm bom desempenho sob pressão, 39,75% não sabem trabalhar em equipe, e falta profissionalismo para 35,70% dos formados buscando emprego.
“Pelas respostas percebemos que o momento é de muita pressão sobre os profissionais. Como as empresas estão mais enxutas, têm menos funcionários, todo mundo precisa colocar a mão na massa pra ter os resultados”, escalrece Toledo.
Os jovens estão saindo um pouco crus da faculdade, gera uma certa frustração. (...) Precisa contratar um time mais júnior e isso aparece, a falta de amadurecimento".
A falta de outro idioma foi constatada em 31,65% dos casos, disposição para o trabalho falta em 24,81% dos profissionais e 23,80% não têm uma boa formação.
Outros dados importantes obtidos foram que 23,80% dos candidatos não são flexíveis, 22,53% não parecem confiáveis, 21,01% não são organizados e, por último, 18,48% têm dificuldade no quesito superação.
“Realmente, os jovens estão saindo um pouco crus da faculdade, gera uma certa frustração. As empresas têm esperado deles desenvolvimentos comportamentais. O que eles podem pagar é um valor menor, estão com salários apertados. Precisa contratar um time mais júnior e isso aparece, a falta de amadurecimento”, explica Toledo.
Querem salário alto, mas...
Em um “ranking” de áreas com maiores obstáculos de atrair profissionais, a engenharia é a mais preocupante para 37% dos executivos. Em seguida, aparece a área comercial (32%), finanças e logística (20%) e TI (18%).
Uma empresa de tecnologia de Campinas tem esse cenário como realidade e está com uma vaga aberta desde o início do ano, que não é preenchida porque nenhum profissional é perfeito para as exigências, até agora.
De acordo com o analista de RH Patrícia Nogueira, a falta do inglês fluente, exigência básica na área de TI, é um problema recorrente.
“No caso dessa vaga, é um cliente internacional. A maior dificuldade é o inglês. É bem difícil encontrar os profissionais com inglês e conhecimento mesmo, é o principal. Aqui na empresa, é muito importante a postura do profissional, como ele vai se portar com o cliente”, desvenda Patrícia.
(...) é um pessoal que tem uma pretensão salarial muito alta. Mas, não estão preparados para o que o mercado precisa. A gente encontrou candidatos na faixa de R$ 10 mil"
A falta de profissionalismo também é uma questão importante. É uma avaliação mais subjetiva, mas, no caso dessa empresa, ela identificou nas entrevistas.
“No geral, eles falam mal do emprego anterior durante a entrevista. Não demonstram que conseguiriam resolver uma situação de pressão.(...) E é um pessoal que tem uma pretensão salarial muito alta. Mas, não estão preparados para o que o mercado precisa. A gente encontrou candidatos na faixa de R$ 10 mil”, ressalta.
Características como essas também podem aparecer em colaboradores já contratados, justamente porque os momentos da empresa e do mercado mudaram.
“Um profissional foi contratado há dois, três anos, para ter uma missão e o mundo mudou. A realidade dele hoje é tentar manter cliente, precisa mandar gente embora. O trabalho é pior do que era a ideia dele inicial, os profissionais estão sob pressão e existe uma frustração que é circunstancial. Do outro lado, o contratante percebe que a pessoa não consegue lidar com isso”, explica Toledo.
As companhias da região estão executando ações como investimento para atrair bons colaboradores. De acordo com a pesquisa, 43% dos executivos estão empenhados em proporcionar mais desafios aos profissionais, 40% querem equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, 29% investem em plano de carreira e 18% apostam em horários de trabalho flexíveis.
“As empresas da região estão se mexendo, estão criando mais desafios nas carreiras, estão interessadas em resultado, fazendo ações relativas a clima”, afirma o gerente executivo da Michael Page, Lucas Toledo.
Uma boa noticia, segundo ele, é que as áreas de vendas, marketing e TI, por exemplo, estão aquecidas. “Já passamos pelo fundo do poço da crise”, afirma.
A dica é buscar qualificação com cursos rápidos no mercado que podem ajudar os candidatos a se adequarem às oportunidades.
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