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Investigação da PF sobre fraude em concurso AFT revela esquema de R$500 mil

A Polícia Federal está investigando uma possível fraude no concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, onde gabaritos teriam sido vendidos por valores que chegam a R$500 mil. A categoria exige uma investigação aprofundada sobre o caso.

Por Emerson Fernandes | Publicado em 08/10/2025 às 16h39

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Um grupo investigado pela Polícia Federal cobrava R$500 mil para fraudar concursos públicos no Brasil, incluindo o concurso para auditor-fiscal do trabalho (AFT).

A investigação começou após uma denúncia anônima e revelou um esquema complexo operando principalmente em Patos, Paraíba.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o grupo criminoso obtinha acesso antecipado às provas, incluindo imagens, gabaritos e propostas de redação, que eram repassados aos 'clientes' poucas horas antes dos exames.

Conversas interceptadas mostraram negociações para garantir aprovação no concurso AFT, com valores chegando a R$500 mil. Para viabilizar o esquema, discutiam subornar vigilantes e desativar câmeras de segurança.

O grupo também usava documentos falsos para que um membro mais preparado realizasse a prova no lugar do candidato original.

Na última quinta-feira, 2, a Polícia Federal deflagrou a operação "Última Fase" para desmantelar uma organização criminosa que fraudava concursos públicos.

Além do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024, as investigações apontam fraudes em seleções da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Os investigados devem responder por crimes de fraude em concurso público, participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos públicos.

Entenda a fraude no concurso AFT

A PF identifica o ex-policial Wanderlan Limeira de Sousa como um dos líderes do esquema, com conexões com quase todos os envolvidos no inquérito.

Wanderlan, junto com um irmão e uma sobrinha, foi aprovado para auditor-fiscal do trabalho na primeira edição do CNU.

Seis outros aprovados apresentaram gabaritos idênticos aos da organização, acertando e errando as mesmas questões.

Larissa Neves, sobrinha de Wanderlan, fez a prova em Patos, Paraíba, apesar de morar em São Paulo.

Conversas entre ela e seu pai, Antônio Limeira das Neves, irmão de Wanderlan, revelam o pagamento de R$500 mil pelo gabarito do CNU.

Antônio teria usado peças de ouro e um veículo como parte do pagamento.

Larissa recebeu as respostas do turno da manhã antes das 8h do dia 18 de agosto, quando as provas do CNU de 2024 começaram às 9h. Às 11h39, ela recebeu as respostas do turno da tarde, cujas provas começaram às 14h30.

Ela também recebeu um texto pronto para a redação, com o tema correspondente ao da prova.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), responsável pelo Concurso Unificado, acompanha os desdobramentos da operação da PF e apoia as investigações sobre fraudes em concursos públicos, incluindo a fraude durante a aplicação da prova do CNU.

Sinait pede investigação e manutenção dos aprovados no concurso AFT

Na terça-feira, 7, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Sinait) emitiu uma nota pedindo investigação rigorosa das fraudes no concurso para auditor-fiscal do trabalho e a continuidade do processo seletivo.

O sindicato expressou preocupação com o esquema criminoso que manipula concursos públicos federais para garantir vagas de forma ilícita.

"O Sinait considera inaceitável que um concurso dessa importância para a sociedade brasileira seja comprometido por fraudes. O cargo de Auditor Fiscal do Trabalho exige ética, preparo técnico e compromisso com o interesse público, valores incompatíveis com irregularidades. O Sindicato espera que as denúncias sejam apuradas com rapidez e transparência, e que os culpados sejam punidos conforme a lei". O sindicato defende que a investigação da PF não prejudique candidatos que, de boa-fé, se dedicaram e foram aprovados legitimamente.

"É crucial que a investigação preserve a continuidade e integridade do concurso, garantindo a entrada de novos Auditores Fiscais do Trabalho, essenciais para fortalecer a Inspeção do Trabalho e defender os direitos trabalhistas no país", afirmou a categoria. Em setembro, o MGI autorizou a nomeação de 855 aprovados no concurso AFT.

Com exigência de nível superior em qualquer área, a carreira oferece ganhos iniciais de R$22.921,71, podendo chegar a R$23.921,71 com o auxílio-alimentação de R$1 mil.

Concurso TCE PE é suspenso devido à investigação da PF

O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco decidiu suspender na terça-feira, 7, os atos do concurso TCE PE em meio à investigação da Polícia Federal sobre fraudes.

A suspensão permanecerá até que todos os fatos sejam esclarecidos. O caso ganhou destaque após a divulgação do resultado preliminar das provas objetivas do concurso TCE PE para auditor de controle externo, na segunda-feira, 6.

A lista incluía o nome de Laís Giselly Nunes de Araújo, conhecida como "candidata gênio", com aprovações em instituições federais de ensino e para auditor fiscal do trabalho pelo CNU de 2024.

Foi constatado que o gabarito de Laís era idêntico ao de Wanderlan Limeira de Sousa, apontado como líder do esquema criminoso.

A Polícia Federal, conforme o portal Metrópoles, considera as aprovações da candidata "estatisticamente improváveis" e afirma haver "fortes indícios de participação nas fraudes".

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