Desde o primeiro dia de 2017, os funcionários franceses tiveram direito de ignorar e-mails ou mensagens de celular que fossem relacionados ao trabalho em horários de folga.
Isso porque em 1º de janeiro, entrou em vigor uma nova lei, que foi apelidada de "direito de se desconectar".
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Empresas que tenham mais de 50 funcionários terão de escrever uma carta de boa conduta estabelecendo quais são os horários fora da regime trabalhista - normalmente o período noturno e o fim de semana - quando eles não deveriam enviar ou responder e-mails profissionais.
Os defensores da nova lei dizem que os colaboradores dos quais se espera que respondam aos e-mails de trabalho no horário de folga não estão sendo pagos de forma justa pelas horas extras.
Eles ainda informam que essa prática aumenta o risco de o funcionário sofrer de estresse, Síndrome de Burnout (esgotamento físico e mental), problemas do sono e dificuldades nos relacionamentos.
"Todos os estudos mostram que há hoje muito mais estresse relacionado ao trabalho do que antigamente, e o estresse é constante", afirmou o parlamentar socialista Benoit Haman à BBC, em entrevista concedida em maio, quando a lei foi aprovada. "Os funcionários saem do escritório, mas não deixam o trabalho em si. Eles são mantidos presos em uma espécie de coleira digital, formada por mensagens de celular e e-mails. Assim, as empresas invadem a vida da pessoa ao ponto que ela acaba surtando."
A nova medida faz parte de uma série de novas leis que foram aprovadas em maio. E esta foi a única das medidas do pacote - que também facilitou a contratação e demissão de funcionários - que não gerou protestos e greves. A semana de trabalho na França, desde o ano 2000 é de 35 horas.
Outras empresas já tinham tentando impor limites ao uso do e-mail de trabalho fora do horário normal.
Um exemplo é a montadora alemã Daimler, que forneceu um serviço opcional para os funcionários que saem de férias: ao invés de enviar uma resposta automática dizendo que está longe do escritório, eles podem ter todos os novos e-mails, que chegarem durante o período de férias, apagados.
O "direito de se desconectar" já se tornou piada na imprensa quando foi dito pela primeira vez, com ironias a charges de inspetores bisbilhotando os trabalhadores mais conectados.
Mas o governo francês afirma que o problema de se ficar sempre conectado é grave, universal e está crescendo - por isso defendeu uma intervenção por meio da lei.
Outros não acreditam que a restrição vá funcionar. Isto porque a nova lei não prevê sanções às companhias que desrespeitarem os limites.
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