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Desemprego terá pico em 2017, antes de diminiur

Por Emerson Almeida - Publicado em: - Atualizado em

O número de desempregados subiu em mais de 2 milhões em 2016 e chegou a 12 milhões de brasileiros. Para 2017, espera-se que o mercado de trabalho melhore no meio ano. Analistas destacam, entretanto, que a taxa de desemprego ainda tende a subir mais antes de começar a cair.

A projeção do governo e da maior parte do mercado é de que o país saia da recessão no ano que vem e que o número de contratações volte a superar o de demissões. O ano de 2017, porém, deverá ser mais de estabilização do que de recuperação, com uma geração de empregos ainda insuficiente para derrubar a taxa de desemprego.

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A taxa de desemprego atingiu mais de 9,5% no trimestre encerrado em janeiro para 11,8%. Veja gráfico abaixo:

"No final do ano as empresas costumam contratar mais. Então não dá para dizer que o desemprego está estável. Se considerarmos o ajuste sazonal, continua subindo", diz o economista Luiz Castelli, da GO Associados. Para Luiz, o desemprego ainda subirá até o 3º trimestre do ano que vem.

Projeções das consultorias Tendências e GO Associados, com base nas estimativas do mercado para o PIB (Produto Interno Bruto), apontam que só a partir de 2020 ou 2021 o Brasil deverá recuperar o nível de estoque de empregos formais que tinha no final de 2014, quando o país estava em situação considerada de quase pleno emprego.

"Para o mercado de trabalho, 2017 ainda será um pouco pior. Vai haver pessoas entrando na força de trabalho e a criação de vagas ainda vai ser insuficiente para absorver todo o contingente que está sem trabalho", explica Castelli.

Entre os setores, ainda há discrepâncias sobre qual setor sairá na frente na criação de novas vagas. Em tese, a indústria tenderia a voltar a contratar primeiro, uma vez que foi a primeira a começar a demitir, mas o alto nível de ociosidade e a produção vacilante colocam em dúvida uma reversão do quadro nos próximos meses.

O setor de comércio foi o que mais demitiu no ano. Das 751 mil vagas formais eliminadas no acumulado até outubro, 247 mil foram no comércio. Na sequência, estão construção civil (-225 mil vagas), indústria (-142,5 mil) e serviços (-199 mil). A agricultura e a administração pública foram os únicos setores que criaram novos postos em 2016, com um saldo de 61 mil e 15 mil, respectivamente.

Há uma concordância geral sobre as áreas que ainda irão levar mais tempo para voltar a contratar. "As atividade ligadas ao consumo das famílias, como o comércio, ainda devem demorar um pouco mais a reagir", afirma Castelli, lembrando que a recuperação do mercado de trabalho costuma ser mais lenta que a da produção ou do consumo.

Porém, a perspectiva de uma melhora na economia e volta das contratações pode contribuir para a alta da taxa de desemprego num primeiro momento, pois um contingente de pessoas que hoje está no desalento - pessoas que pararam de procurar emprego e, por isso, não entram na conta de desempregados - pode ser estimulada a voltar a procurar emprego.

"2017 será mais um ano de estabilização do que de recuperação. O crescimento do PIB em 2017 será baixo e ainda não será suficiente para alavancar a geração de novas vagas de emprego. Mas pelo menos as demissões darão uma estancada", conclui Bacciotti.

A taxa de desemprego no Brasil só não é maior porque também aumentaram o número de pessoas que não querem mais procurar por emprego dada a dificuldade de encontrar uma vaga e estão no chamado desalento. Para ser considerado desempregado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é preciso procurar emprego nos últimos 30 dias.

De acordo com o IBGE, considerando o desalento e os trabalhadores subutilizados, falta trabalho atualmente para cerca de 23 milhões de brasileiros.

"A taxa de desemprego é tão alta , a queda de renda é tão pronunciada e a perspectiva de encontrar uma vaga é tão reduzida que a pessoa acaba desistindo de procurar-, afirma o analista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria.

Este é o caso da publicitária Juliane Penin Morganti, de 24 anos. Sem emprego desde junho de 2016, ela conta que desistiu de procurar emprego e voltar a estudar para mudar de área e tentar a sorte como fotógrafa. "Nesse período fiz uma única entrevista, só que a remuneração era muito baixa", conta. "Minha sorte é que moro com minha mãe, não tenho filho, não sou casada e não tenho dependentes ainda", completa.

Para Bacciotti, o desemprego deve ultrapassar os 13% no ano que vem, mas pode inverter de trajetória a partir de maio. Ele projeta, porém, que o índice deverá fechar 2017 acima de 12%, portanto maior que o patamar atual.

Até outubro de 2016, foram cancelados mais de 751 mil postos de trabalho com carteira assinada, segundo os dados do Ministério do Trabalho. Somado aos 1,54 milhão de empregos perdidos formais em 2015, chega-se a uma baixa de cerca de 2,3 milhões de postos de trabalho em 2 anos.

O país fechou o mês de outubro com 38,9 milhões de empregos formais ante 41,2 milhões no final de 2014. Já são 19 meses seguidos em que demissões superaram as contratações no país. A última vez em que houve mais contratações foi em março de 2015.

Conforme percebido por analistas, há chances do país voltar a registrar saldo positivo de empregos já nos próximos meses, mas o ritmo de criação de novas vagas será fraco.

"Estou projetando uma alta de 360 mil vagas líquidas no ano que vem, o que ainda é muito pouco perto do que se espera e para estabilizar a taxa de desemprego", afirma Castelli.

Em tempos de recessão prolongada, até mesmo o trabalho por conta própria deu sinais de saturação em 2016. Em 7 meses, o Brasil perdeu mais de 1,4 milhão de autônomos - categoria que reúne os chamados PJs (pessoas jurídicas), microempreendedores individuais (MEIs) e todos aqueles que não pagam salário para funcionário.

Então, percebe-se que muitos dos desempregados que tentaram abrir um negócio próprio quebraram ou desistiram da empreitada, aumentando o contingente dos sem trabalho.

"Até meados do ano, as pessoas que estavam fora do mercado formal de alguma maneira conseguiam recolocação na informalidade. Buscavam uma alternativa com algum trabalho de menos qualidade ou negócio próprio, o que impedia uma queda mais pronunciada do emprego como um todo", explica Bacciotti.

Segundo os números do IBGE, o país tinha 21,7 milhões de autônomos no trimestre encerrado em outubro, ante 23,2 milhões no trimestre encerrado em março. Já o número de empregados sem registro em carteira subiu para mais de 640 mil, passando de 9,7 milhões para 10,4 milhões.

Com menos trabalhadores empregados e recontratações por valores de salários mais baixos, a massa de rendimentos recuou 3,2% em um ano, segundo o IBGE.

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