Depois dois meses consecutivos com número maior de contratações do que de demissões, as micro e pequenas empresas (MPEs) voltaram a fechar vagas formais de trabalho em outubro. De acordo com uma pesquisa do Sebrae, a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, as MPEs eliminaram 15,4 mil empregos com registro em carteira em outubro, anulando o efeito da criação de 12,7 mil postos de trabalho nos meses de agosto e setembro.
A suspensão da sequência de resultados positivos no setor ajuda a piora do mercado de trabalho formal em outubro. O Brasil perdeu ao todo 74.748 vagas formais no mês passado, segundo o Caged, ante um fechamento de 36.830 postos em setembro e de 27.844 em agosto.
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Para o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, o resultado de outubro foi decepcionante e mostra que a volta do emprego será mais lenta do que se imaginava. "Essa reversão do emprego agora é preocupante. Depressão no final de ano significa que vamos ter um afundamento em janeiro, fevereiro e março. Vai criar um vale maior do que a expectativa que estávamos tendo", diz.
Entre os motivos que levaram à piora da situação das micro e pequenas empresas, Afif cita o crédito mais restrito e maior dificuldade para renegociar dívidas, além do baixo nível de consumo no país.
O número de vagas canceladas nos pequenos negócios em outubro é quase 4 vezes menor que das empresas de médio e grande porte, que mandaram 56,8 mil empregados embora. No acumulado no ano em 10 meses, as MPEs perderam 46,5 mil vagas, ao passo que a as empresas de maior porte cortaram 720.882 postos, ou cerca de 15 vezes mais.
O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, destaca, porém, que as micro e pequenas empresas respondem por cerca de 50% dos empregos formais no país e lembra que o setor foi o que mais ofereceu novos empregos nos últimos anos.
As micro e pequenas empresas só iniciaram e crise em novas vagas com registro em carteira em 2015, ao passo que nas médias e grandes as demissões têm superado as contratações desde 2013. Nos últimos 6 anos, as MPEs ainda têm um saldo positivo de 4,7 milhões de vagas abertas, enquanto que as de médio e grande porte retiraram 2,09 milhões de empregos desde 2011.
"Nas grandes empresas, os movimentos são muito mais lentos, não são abruptos, e estão vindo de uma recessão há muito tempo. Soma-se a isso um fenômeno novo que é o desemprego estrutural, gerado pela tecnologia", explica o presidente do Sebrae, que cita ainda o avanço da terceirização e maior participação de empresas com estruturas menores dentro da cadeia de produção.
No setor de serviços, por exemplo, se vê uma migração de parte do emprego formal para empresas de menor porte. No acumulado do ano, as grandes e médias empresas diminuiram 313,5 mil postos de trabalho, ao passo que as MPEs ofereceram mais 113,9 mil novas vagas de emprego. Além de serviços, agropecuária é o único setor com contratações superando as demissões no ano (55,2 mil) entre as micro e pequenas. Nas empresas de maior parte, apenas agropecuária tem saldo positivo no ano, com criação de 6,5 mil vagas. Veja quadro abaixo
Perspectivas
Para Afif, as micro e pequenas empresas devem sair na frente na retomada da geração de empregos, mas, para isso, dependem de melhores condições e maior oferta de crédito, e de possibilidades de renegociação de dívidas.
"A retomada do crescimento da economia passa pelos pequenos negócios. A micro e a pequena têm uma velocidade muito maior para preencher espaços e aproveitar as oportunidades que existem mesmo numa economia estagnada", afirma.
No acumulado de janeiro a outubro, o país tem menos 751.816 vagas formais, de acordo o Ministério do Trabalho. Em 2015, o Brasil perdeu 1,510 milhão de empregos formais.
Analistas do mercado destacam que o mercado de trabalho costuma ser um dos últimos indicadores a reagir numa retomada econômica e projetam que a recuperação do mercado de trabalho só deverá acontecer no segundo semestre do próximo ano.
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